Expansão da Fronteira Agrícola
Antes de tudo, uma questão de significado:
Fronteira agrícola é até onde chega a produção agropecuária de algum lugar. No Brasil, por exemplo, a produção agrícola chegava até a floresta amazônica, aonde não era possível produzir nada. Hoje, no entanto, a fronteira avança sobre a floreta, derrubando-a, e se expande. Por isso damos ao avançar da produção agropecuária o nome de Expansão da Fronteira Agrícola [1]. Arrisco dizer que em outros lugares do mundo o processo seja diferente: no Oriente Médio, por exemplo, a fronteira agrícola se expande em terrenos desérticos através da irrigação.
Na Região Norte a produção pecuária avança sobre a floresta
A Amazônia sofre com chuvas intensas durante o ano todo, então o solo acaba sendo lixiviado, ou seja, a presença constante de água retira do solo seus componentes solúveis. O resultado disso é que apenas 14 % do solo de toda a amazônia é fértil [2]. Assim não é possível utilizar a área da floresta para agricultura.
No entanto, isso não é motivo para muitos deixarem de avançar sobre a maior floresta do mundo para produzir: a amazônia está sendo convertida em um grande pasto [3][4]. Isso é feito utilizando pasto composto pelo capim braquiaria, original da África Equatorial e adaptado a solos de baixa fertilidade e muitas chuvas [5]. Depois disso, caso o solo não se mostre adequado para o manejo de gado, ele é corrigido, adubado e utilizado para o plantio de soja, como pode ser conferido na imagem abaixo:
Esse mapa também evidencia outro processo: a dinâmica pela qual a produção de soja aumenta na Amazônia legal. Inicialmente ocorre a derrubada da floresta, em segundo lugar, como descrito, é implantada a pecuária e, em terceiro lugar, nas áreas ocupadas começa a ocorrer a agricultura mecanizada [6]. Como explicado, o plantio da soja não é possível em todas as áreas desmatadas. Desta maneira, em muitas delas é mantido pasto.
O cerrado brasileiro tem sido cada vez mais desmatado para dar lugar ao grão mais exportado do Brasil: a soja.
Este vegetal foi importado da China e melhorado geneticamente no Brasil para que isso acontecesse. O cerrado não é um ambiente que permite qualquer planta se desenvolver: seu sólido é ácido (pH 4), rico em alumínio e carece dos principais nutrientes necessários ao desenvolvimento vegetal. Além disso, entre maio e setembro a possibilidade de chuvas ocorrerem é extremamente pequena. Assim, para que fosse alcançada a maior produtividade de soja do mundo, diversos melhoramentos, genéticos ou não, foram realizados nela desde os anos 1970, quando iniciou-se a ocupação do cerrado [7].
É necessário avaliar as propriedades descritas porque o maquinário utilizado na agricultura mecanizada é bastante pesado e acaba comprimindo o solo, o que pode torná-lo impermeável e impedir futuros cultivos, basicamente.
Enfim, para perceber que a soja tem avançado sobre o cerrado, basta comparar mapas da vegetação e do plantio em nosso país:
No entanto, isso não é motivo para muitos deixarem de avançar sobre a maior floresta do mundo para produzir: a amazônia está sendo convertida em um grande pasto [3][4]. Isso é feito utilizando pasto composto pelo capim braquiaria, original da África Equatorial e adaptado a solos de baixa fertilidade e muitas chuvas [5]. Depois disso, caso o solo não se mostre adequado para o manejo de gado, ele é corrigido, adubado e utilizado para o plantio de soja, como pode ser conferido na imagem abaixo:
Fonte da imagem: http://tinyurl.com/p3qdeez, 2010.
Tradução livre da legenda:
Verde: desmatamento e crescimento de pasto
Amarelo: desmatamento e aumento de plantação de soja
Vermelho: expansão da soja relacionada à diminuição de pasto
Esse mapa também evidencia outro processo: a dinâmica pela qual a produção de soja aumenta na Amazônia legal. Inicialmente ocorre a derrubada da floresta, em segundo lugar, como descrito, é implantada a pecuária e, em terceiro lugar, nas áreas ocupadas começa a ocorrer a agricultura mecanizada [6]. Como explicado, o plantio da soja não é possível em todas as áreas desmatadas. Desta maneira, em muitas delas é mantido pasto.
No Centro-Oeste é a vez da soja
Este vegetal foi importado da China e melhorado geneticamente no Brasil para que isso acontecesse. O cerrado não é um ambiente que permite qualquer planta se desenvolver: seu sólido é ácido (pH 4), rico em alumínio e carece dos principais nutrientes necessários ao desenvolvimento vegetal. Além disso, entre maio e setembro a possibilidade de chuvas ocorrerem é extremamente pequena. Assim, para que fosse alcançada a maior produtividade de soja do mundo, diversos melhoramentos, genéticos ou não, foram realizados nela desde os anos 1970, quando iniciou-se a ocupação do cerrado [7].
Mas por que gastar dinheiro com um lugar tão agressivo com a vida vegetal?
A resposta, por mais incrível que isso possa parecer, está no solo.
Além da fertilidade, os solos também possuem outras características: declividade, ausência de pedras, profundidade efetiva, textura e drenagem são propriedades do solo que influenciam a resistência do dele ao uso de grande maquinário agrícola [8], por exemplo. E o solo do cerrado é extremamente viável para a implantação de grandes lavouras mecanizadas, aonde o plantio e a colheita podem ser feitos de maneira bastante rápida.
A resposta, por mais incrível que isso possa parecer, está no solo.
Além da fertilidade, os solos também possuem outras características: declividade, ausência de pedras, profundidade efetiva, textura e drenagem são propriedades do solo que influenciam a resistência do dele ao uso de grande maquinário agrícola [8], por exemplo. E o solo do cerrado é extremamente viável para a implantação de grandes lavouras mecanizadas, aonde o plantio e a colheita podem ser feitos de maneira bastante rápida.
Fonte da imagem: http://tinyurl.com/p689gvz,
É necessário avaliar as propriedades descritas porque o maquinário utilizado na agricultura mecanizada é bastante pesado e acaba comprimindo o solo, o que pode torná-lo impermeável e impedir futuros cultivos, basicamente.
Enfim, para perceber que a soja tem avançado sobre o cerrado, basta comparar mapas da vegetação e do plantio em nosso país:
O Cerrado no Brasil
Fonte da imagem: http://tinyurl.com/omoh3nx
Expansão da soja
Fonte da imagem: http://tinyurl.com/nwkfbgs
Impactos ambientais relacionados
Encerrando, a retirada de cobertura vegetal para a implantação de um sistema de produção agro-pastoril pode causar diversos problemas ambientais. Entre eles estão a perda de biodiversidade, alteração no ciclo das chuvas (já que a evapotranspiração dos vegetais é alterada), aumento da erosão devido a exposição dos solos (o que pode levar ao assoreamento de corpos d'água), contaminação de rios, riachos e lençóis freáticos por agrotóxicos.
No entanto, o Brasil exportou mais de 21 bilhões de dólares em grãos de soja só em 2014 [9]. Devem ser levadas em consideração, também, as exportações de óleo e farelo deste grão que coloca a agricultura do Brasil em destaque no mundo. Com isso, fica a dúvida: essa produção vale a pena para o Brasil? Pesquise, estude e decida você mesmo.
No entanto, o Brasil exportou mais de 21 bilhões de dólares em grãos de soja só em 2014 [9]. Devem ser levadas em consideração, também, as exportações de óleo e farelo deste grão que coloca a agricultura do Brasil em destaque no mundo. Com isso, fica a dúvida: essa produção vale a pena para o Brasil? Pesquise, estude e decida você mesmo.
Referências:
1 Fronteira Agrícola. 2015. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Fronteira_agrícola>. Acesso em: 25 ago. 2015.
2 LIMA, Valmiqui Costa. Solos da Amazônia: Mitos e equívocos. s/d. Disponível em: <http://www.escola.agrarias.ufpr.br/arquivospdf/solos_amazonia.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2015.
3 ALENCASTRO, Catarina. Pastos consomem maior parte da área desmatada na Amazônia, diz estudo. 2014. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/pastos-consomem-maior-parte-da-area-desmatada-na-amazonia-diz-estudo-14667988>. Acesso em: 25 ago. 2015.
4 SALOMON, Marta; MONTEIRO, Tânia. Maior parte de área desmatada da Amazônia virou pasto, diz estudo. 2011. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/geral,maior-parte-de-area-desmatada-da-amazonia-virou-pasto-mostra-estudo-imp-,767823>. Acesso em: 25 ago. 2015.
5 VILELA, Herbert. Série Gramíneas Tropicais - Gênero Brachiaria (Brachiaria humidicola - Capim). 2009. Disponível em: <http://www.agronomia.com.br/conteudo/artigos/artigos_gramineas_tropicais_brachiaria_humidicola.htm>. Acesso em: 27 ago. 2015.
6 DOMINGUES, Mariana Soares; BERMANN, Célio. O arco de desflorestamento na Amazônia: da pecuária à soja. Ambient. soc., São Paulo, v. 15, n. 2, p. 1-22, Aug. 2012. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-753X2012000200002&lng=en&nrm=iso>. access on 29 Aug. 2015.
7 ESCOBAR, Herton. Soja chinesa virou brasileira e cerrado se tornou celeiro do país. 2009. Disponível em: <http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,soja-chinesa-virou-brasileira-e-cerrado-se-tornou-celeiro-do-pais,441489>. Acesso em: 29 ago. 2015.
8 FRANCISCO, P.r.m.; CHAVES, I.b.; LIMA, E.r.v.. Classificação de Terras para Mecanização Agrícola e Sua Aplicação para o Estado da Paraíba. Revista Educação Agrícola Superior, [s.l.], v. 28, n. 1, p.30-35, 26 nov. 2013. Revista Educacao Agricola Superior - ABEAS. DOI: 10.12722/0101-756x.v28n01a05.
9 ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXPORTADORES DE CEREAI - ANEC. ANEC - Estatísticas. 2015. Disponível em: <http://www.anec.com.br/estatisticas.html>. Acesso em: 29 ago. 2015.
4 SALOMON, Marta; MONTEIRO, Tânia. Maior parte de área desmatada da Amazônia virou pasto, diz estudo. 2011. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/geral,maior-parte-de-area-desmatada-da-amazonia-virou-pasto-mostra-estudo-imp-,767823>. Acesso em: 25 ago. 2015.
5 VILELA, Herbert. Série Gramíneas Tropicais - Gênero Brachiaria (Brachiaria humidicola - Capim). 2009. Disponível em: <http://www.agronomia.com.br/conteudo/artigos/artigos_gramineas_tropicais_brachiaria_humidicola.htm>. Acesso em: 27 ago. 2015.
6 DOMINGUES, Mariana Soares; BERMANN, Célio. O arco de desflorestamento na Amazônia: da pecuária à soja. Ambient. soc., São Paulo, v. 15, n. 2, p. 1-22, Aug. 2012. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-753X2012000200002&lng=en&nrm=iso>. access on 29 Aug. 2015.
7 ESCOBAR, Herton. Soja chinesa virou brasileira e cerrado se tornou celeiro do país. 2009. Disponível em: <http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,soja-chinesa-virou-brasileira-e-cerrado-se-tornou-celeiro-do-pais,441489>. Acesso em: 29 ago. 2015.
8 FRANCISCO, P.r.m.; CHAVES, I.b.; LIMA, E.r.v.. Classificação de Terras para Mecanização Agrícola e Sua Aplicação para o Estado da Paraíba. Revista Educação Agrícola Superior, [s.l.], v. 28, n. 1, p.30-35, 26 nov. 2013. Revista Educacao Agricola Superior - ABEAS. DOI: 10.12722/0101-756x.v28n01a05.
9 ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXPORTADORES DE CEREAI - ANEC. ANEC - Estatísticas. 2015. Disponível em: <http://www.anec.com.br/estatisticas.html>. Acesso em: 29 ago. 2015.
Bacana, explicação direta e as imagens complementam o texto perfeitamente.
ResponderExcluirMuito obrigado pelo feedback.
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